“O cavaleiro caminhava pela vila, procurando por algo. Armadura de algum metal desconhecido, mas resistente, ele usava. Uma única espada enferrujada estava sendo segurada em suas mãos. Sangue nela e em toda a sua armadura havia.
Com um pensamento na cabeça ele estava. Ele largou a espada enquanto deixava a vila. Simplesmente deixou-a cair no chão.
A enorme criatura esperava ele chegar até ela. A garota perto da floresta esperava por seu pai, o cavaleiro ensanguentado. Ele chegou até ela e se desculpou por tudo que fez de errado e agradeceu por todos os bons momentos que tiveram juntos. Desculpou-se por não ter salvado a mãe da garota e ela chorou. Beijou a testa dela e foi em direção a floresta, onde aguardava a criatura que o assistia atentamente. A garota continuou assistindo ele ir para a batalha, desarmado. Chorar, ela não conseguia parar. Uma grande dor ainda sentia e tinha quase certeza que sentiria outra.
Quando estava a alguns metros da criatura, percebeu que ela estava com algo na boca. A criatura cuspiu a cabeça de uma criança que havia comido. O coração do cavaleiro se amargurou e a raiva começou a subir-lhe para a cabeça. Removeu da cabeça o que restava de seu capacete e jogou ele na criatura. Errou a criatura, mas estava determinado: Iria matar a criatura a qualquer custo.
Pele escamosa e dura como pedra. Dentes afiados. Uma cauda com um enorme espinho na ponta, que se parecia mais com um chifre do que com outra coisa. Quadrúpede e também inteligente. Não seria fácil combater tal criatura!
Lembrou de quando enfrentou a besta de duas cabeças dos pântanos de Arcontenia. Era muito pior que essa criatura, mas ele teve ajuda, muita ajuda. Lembrou de quando conheceu sua falecida esposa pela primeira vez, de quando se casaram e de quando ela morreu. Lembrou do dia em que sua filha nasceu. Lembrou dos dias alegres com sua família. Lembrou das brigas com a família e com os vizinhos. Lembrou dos velhos e já falecidos amigos. Lembrou...
Uma enorme corrente de prata ele guardava na sola do calçado de metal. Era grande o suficiente para dar três voltas completas sobre sua cintura. Ganhou quando salvou a vida do rei quando uma fera atacou a cidade. Ele e mais dois amigos estavam passando na cidade a procura de algum emprego, quando avistaram a fera. Ela estava destroçando a cidade e estava adentrando no castelo. Com o intuito de que quando matassem a criatura e que receberiam uma recompensa por isso, cataram as primeiras armas que viram pela frente e correram para matar a criatura. Mataram-na, mas na batalha, um de seus amigos morreu pelas mãos da fera.
Esticou do braço até os dedos em direção a criatura. Ela o olhou de forma diferente, se perguntando no que ele faria. Ela se aproximou e cheirou sua mão. A mão do cavaleiro tremia e fedia a medo. Ele fechou a mão rapidamente e golpeou o focinho dela. Arrancou a corrente da bota de metal e acertou com ela na criatura. Um corte foi formado na face da criatura por causa da corrente. Ela saltou para traz e o olhou uma ultima vez. Simplesmente deu as costas e foi embora. A garota que assistiu tudo não entendeu nada. Ela correu até seu pai, o cavaleiro, e perguntou o que aconteceu.
O pai respondeu que havia re-vindicado seu território e a criatura entendeu isso, no final. Ele simplesmente mostrou que era tão perigoso quanto à própria criatura e ela aceitou isso. Na realidade, nem isso fez sentido para ele.
Lembrou-se dos bons tempos, sorriu e tudo acabou. A criatura veio do nada e o matou com um único golpe. Caiu no chão, um corpo agora vazio e sem vida. A criatura olhou para a garota encarando-a e a garota retribuiu.
A garota decidiu esquecer. Sabia que se lembrar das coisas também trazia dor. Então ela esqueceu. E nunca mais viu um mundo como era antes. E o cavaleiro? Morto, como ultimo símbolo de sua época. A criatura? Nunca mais foste vista. E a garota? É uma boa pergunta!”
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